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11 de novembro de 2011

Relato do meu parto

Amigas,
Venho por esta lhes dar um depoimento.. talvez um desabafo e fazer um pedido.
Sei que não fui questionada sobre, mas me sinto na obrigação de compartilhar esta experiência e talvez, quem sabe, influenciar de forma positiva vocês.

Dia 05 de Setembro de 2011 foi o dia mais feliz da minha vida, pois nasceu minha filha Alice. Os momentos seguintes até a alta do hospital foram os piores dias da minha vida.
Me senti desrespeitada e menosprezada quando deveria ser o contrário.

Minha filha nasceu de cesariana, algo que eu não queria. Nasceu com quase 40 semanas. Saibam que é normal um bebê nascer com até 42 semanas de gestação e que para ter um parto normal, é bom uma preparação durante toda a gestação (mas como a maior parte dos obstetras daqui, ninguém instrui de forma adequada as gestantes).
Eu sonhava com um parto normal, de cócoras. Existem até umas banquetas específicas para facilitar e não fazer com que a mãe tenha que contar somente com a força das pernas (porém, aqui no Brasil não temos essa opção, talvez em casas de parto).
Na ultima ecografia que fiz, indicava uma circular de cordão e minha bebê também ainda não havia "descido" (eu estava com 39 semanas), e indicava que o feto estava com mais de 4kg (o bebê pode descer somente na hora de nascer, é normal). De acordo com minha médica, haveria de ser uma cesariana, pra evitar sofrimento fetal. Fiquei apavorada e com medo de que, se esperasse entrar em trabalho de parto, pudesse acontecer algo com minha filha.
Sabia que se saísse de lá e fosse pra casa ficar no "aguardo" não teria paz, afinal, sabe-se lá o que está acontecendo dentro da barriga! Fora os chutes e movimentos do bebê, não tem mais nada que nos indique que está tudo bem lá dentro. Então marquei pro próximo dia possível pra ter meu bebê.

Tive que ficar mais de 12hrs em jejum.
Na hora da depilação me rasparam com uma gilete descartável e água, o que fez com que depois da cirurgia, além de uma cicatriz, ficasse com o incomodo de um monte de pêlos encravados (a maior parte dos médico pede que a gestante não se depile, pra evitar cortes e consequentemente uma infecção).
Não consegui relaxar na sala na espera antes da cirurgia. No momento da anestesia, como eu estava inchada, o anestesista não conseguia encontrar o ponto certo, então ele tentou 5 vezes com agulhas diferentes, e só na terceira tentativa que ele fez uma anestesia local, pra que eu parasse de agonizar pois eu já estava tremendo de dor (passei duas semanas com um desconforto horrível na coluna por conta disso).
Tive uma crise de ansiedade, consciente e acabei tendo um pico de pressão. Só ouvi que eu teria que consultar um medico por causa disso. Meu namorado ainda não estava comigo quando isto aconteceu e só o que eu pedia era pra trazerem ele, ninguém falou nada pra me acalmar.
Era pra ser uma casaria humanizada (uma luz mais baixa na sala, ninguém falando, e com música), mas a música só começou a tocar depois que já tinham tirado a minha filha, não sabiam dar o play no som eu acho e houve conversa alta o tempo inteiro.
Se não fosse pelo Nícolas, meu namorado e pai da minha filha, eu mal teria visto ela. Ele a colocou perto do meu rosto e fez com que soltassem minha mão (na cesaria, seus braços ficam presos), pra que conseguisse tocar nela. Depois disso o neonatologista fez ele sair quase correndo com o bebê pra levar pro berçário.
Só fui ver minha filha mais de 3hrs depois.
No dia em que dei à luz, houveram mais 13 cesárias/partos. O limite do hospital era 7.
Meu quarto era semi-privativo e mal cabiam duas pessoas lá, imaginem 4 (2 gestantes e o acompanhante de cada uma).
As enfermeiras entravam pra medicar ligando a luz e falando alto sem ter a mínima consideração com a outra mãe no quarto, se estava dormindo ou não. Fui acordada e acordaram minha filha diversas vezes dessa forma.
A minha cama estava quebrada, não levantava os meu pés, aliás, ficavam mais baixos que meu corpo, fazendo com que inchassem muuuito.
A cama da outra mãe fazia um barulho horrível quando levantava o encosto pra que ela pudesse sentar.
Meu acesso do soro entupiu depois que tiraram o soro, forçaram medicamento pra dor que era extremamente doloroso e agora tenho um caroço na mão.
Não havia controle de visitas, recebi pessoas no quarto mesmo fora do horário e pessoas foram embora depois da hora também.
Não tive absolutamente nenhuma instrução para amamentar, não tive leite e mesmo assim as enfermeiras falavam para dar o peito pro nenê. Tinha um pouco de colostro e minha filha chorava de fome. No dia de ir embora, com o bico do seio esfolado, saiu um tampão de carne e vi a cena mais triste da minha vida: meu peito arrebentado e minha filha com a boca cheia de sangue e chorando de fome. O primeiro mamá da minha neném dei sozinha, sem acompanhamento nem instrução.
Isto tudo pela Unimed e no hospital da Unimed de Novo Hamburgo.

Esta foi a minha experiência ao dar à luz.
Mas, minha gravidez foi ótima. Não tive elevação da pressão, hipertenção, diabetes gestacional ou qualquer coisa do tipo. Somente os desconfortos normais da gestação.
Minha filha nasceu super saudável. Apgar 9/10.
Amamentar é um prazer. É sim um aprendizado diário, mas um prazer. Aquela experiência não me fez desistir de dar o melhor alimento que minha filha pode ter.
E ser mãe é uma experiência indescritível. E é tão grandioso, que se fosse necessário, passaria por tudo de novo.

Então amigas, escolham bem os seus médicos, pensem bem no seu bebê. Cesariana eletiva ou por medo de dor é uma ilusão. Ter um filho vem com dor, antes, durante e depois. Mas te proporciona muito mais que isso.
E não esqueçam, quem traz uma criança ao mundo é a mãe. Quem dá à luz, é a mulher. Quem faz o parto, é a mulher. O médico é um facilitador e um auxilio para que haja sempre o bem estar, tanto da mulher quanto da criança.

Eu quero ter mais filhos e quero muito ter de parto normal. Gostaria que meu bebê viesse ao mundo quando estivesse pronto.
Não sou nenhuma xiita, mas das próximas vezes, vou querer pensar bem melhor antes de marcar uma cesaria.


Obrigada pela atenção de vocês.

Um comentário:

  1. Fico emocionada quando leio um relato assim, e não é de alegria, é muito triste tirarem de nós mulheres um moment tão mágico que é o dar a luz, sentir cada centimetro de nosssas crias passando por nosso corpo, ter posse de nossos corpos, que suas cicatrizes (as da alma) se curem o mais rápido possivel.
    A minha experiência só foi diferente porque rodei a baiana, troquei mil vezes de médico, questionei, arrumei uma doula, estudei muito, fiz aulas de preparamento, li e reli artigos e enfim, consegui!!!! tive meu trabalho de parto todo em casa e fui pro hospital com 9 de dilatação, e pra eu chegar lá e ser atendida como eu gostaria, precisei fazer algumas visitas com certa antecedncia com documentos em mão, onde mostravam por a mais b todos os meus direitos...ou seja, pra parir de maneira respeitosa e dentro de nossos direitos como "SER-humano", temos que perder tempo, nos preocuparmos, se descabelar...Não era pra ser assim, engraçado como falam de melhorar a educação, acredito que isso vá levar anos, muitos anos, séculos, num pais onde a saúde é puro interesse $$ financeiro$$.

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